quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Por entre minhas dores

Por entre dores caminho
Doendo-se, desgraçadas sortes
Vento, moendo moinho
Por entre minhas dores, mortes.

Por entre minhas dores flutuando
Dádiva, tamanho inferno
Coração se quebrando,
Gelo de um infinito inverno.

Inebriantes dores apenas
Esvoaçavam-se no espaço ardil
Apenas primaveras amenas
Vermelhas, caule de pau-brasil.

Fúteis dores, lágrimas almas
Risos tristes, sons ocos
De todas as mais calmas
Dores, enterro de socos.

Animais, lúgubres enfermos
Caminho doendo meus pés
Dores, doendo a ermo
Para curá-las, o revés

Por entre minhas dores
Caminho, solitária e esquecida
Dores de eternos amores
Por entre dores... morte em vida.

(1999)

Um comentário:

  1. É como você mesma disse. Algo assim é difícil de explicar. Mais fácil apenas sentir.

    Maravilhoso!

    Beijos!

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