Sujeito muito do prepotente entra no restaurante após um evento combinado com a direção deste e pede uma salada que não há no cardápio.
- Mas não é possível! Esta Belo Horizonte é triste! Para qualquer lado que você vá é só carne, carne, carne!!!
A paciente (e irônica) garçonete responde:
- O senhor me desculpe, porém essas coisas deveriam ter sido comunicadas à organização do evento, de forma que pudéssemos adaptar o nosso cardápio a pessoas com o paladar diferenciado como o do senhor.
domingo, 30 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Bonsai
Ele costumava tomar banho e passar perfume antes de dormir. Dizia que nunca se sabe a quem encontraremos nos nossos sonhos. E foi em vários destes que se perdeu na imagem da mulher que idealizou: bonita, inteligente, simpática, agradável, amiga e, principalmente, independente.
Um dia, ela deixou de ser parte do cotidiano do sono e virou realidade. Ela estava ali, a menos de dez metros; havia acabado de limpar o escritório, trazia nas mãos livros, papéis, calculadoras e um bonsai. As unhas lilás, anéis bonitos, um sorriso encantador. Ela estava ali, o que o deixou mudo e pensando "é esta!".
Ele era diferente, ela só não sabia por quê. E ela também era diferente de tudo o que ele havia conhecido - o bonsai! Ele nunca havia visto ninguém entrar com um bonsai num bar! Conversaram uma boa parte do tempo em que ficaram próximos naquele local. Ela, de certa forma, também ficou paralisada ante a delicadeza daquele homem. Mas ela teve que ir embora. Despediu-se sem dizer onde morava, o que o deixou ainda mais intrigado e encantado.
O tempo passou e os dois se reencontraram. Beijaram-se, amaram-se. Tinham tudo a ver: o trabalho, o conhecimento, a alegria, a vontade de viver. Para onde iam, estavam sempre juntos. Houve convite oficial. "Quer ser a minha namorada? De andar de mãozinha dada, de fazer tudo junto, de compartilhar a vida comigo?" Houve o aceite oficial, houve a apresentação mútua aos círculos de amigos.
De repente, ele sentiu um vazio no peito e, sem se dar conta, começou a ser grosseiro com ela. Olhava o nome dela no visor do telefone e não tinha vontade de atender. Do outro lado da cidade, ela se sentia rejeitada e se perguntando o que havia feito. A resposta? Nada. O peito vazio era o dele, não o dela.
Finalmente ele disse o que pensava. Não estava pronto para relacionar-se, estava com saudade da vida boêmia e conciliar isso com o namoro, a casa, os filhos do casamento desfeito, o trabalho era difícil. Era mais fácil sacrificá-la.
Pacientemente ela ouviu e aceitou o fora, embora não concordasse com um só argumento. Quando foi sua vez de falar, disse-lhe que ele estava sem paz, e essa paz ele não ia encontrar no trabalho, nem em outra pessoa, muito menos na boemia. Que ele não havia vivido para si próprio antes de querer viver para alguém. Que ele estava se escondendo atrás de seus objetivos profissionais para disfarçar uma frustração pessoal. O peito vazio era o dele, não o dela. Ela, sim, estava em paz.
Daí a vida dele recomeça, vem outra mulher de bonsai na mão, ele se encanta e se empolga, volta o vazio do peito, recomeça a grosseria, lá vai outra mulher bacana embora. Fica a sensação de que nenhuma é boa o suficiente, mas não é isso. É a fantasia de querer a mulher perfeita para si e, na hora em que ela aparece, não saber o que fazer com ela.
É melhor ter cuidado com o que se pede.
Um dia, ela deixou de ser parte do cotidiano do sono e virou realidade. Ela estava ali, a menos de dez metros; havia acabado de limpar o escritório, trazia nas mãos livros, papéis, calculadoras e um bonsai. As unhas lilás, anéis bonitos, um sorriso encantador. Ela estava ali, o que o deixou mudo e pensando "é esta!".
Ele era diferente, ela só não sabia por quê. E ela também era diferente de tudo o que ele havia conhecido - o bonsai! Ele nunca havia visto ninguém entrar com um bonsai num bar! Conversaram uma boa parte do tempo em que ficaram próximos naquele local. Ela, de certa forma, também ficou paralisada ante a delicadeza daquele homem. Mas ela teve que ir embora. Despediu-se sem dizer onde morava, o que o deixou ainda mais intrigado e encantado.
O tempo passou e os dois se reencontraram. Beijaram-se, amaram-se. Tinham tudo a ver: o trabalho, o conhecimento, a alegria, a vontade de viver. Para onde iam, estavam sempre juntos. Houve convite oficial. "Quer ser a minha namorada? De andar de mãozinha dada, de fazer tudo junto, de compartilhar a vida comigo?" Houve o aceite oficial, houve a apresentação mútua aos círculos de amigos.
De repente, ele sentiu um vazio no peito e, sem se dar conta, começou a ser grosseiro com ela. Olhava o nome dela no visor do telefone e não tinha vontade de atender. Do outro lado da cidade, ela se sentia rejeitada e se perguntando o que havia feito. A resposta? Nada. O peito vazio era o dele, não o dela.
Finalmente ele disse o que pensava. Não estava pronto para relacionar-se, estava com saudade da vida boêmia e conciliar isso com o namoro, a casa, os filhos do casamento desfeito, o trabalho era difícil. Era mais fácil sacrificá-la.
Pacientemente ela ouviu e aceitou o fora, embora não concordasse com um só argumento. Quando foi sua vez de falar, disse-lhe que ele estava sem paz, e essa paz ele não ia encontrar no trabalho, nem em outra pessoa, muito menos na boemia. Que ele não havia vivido para si próprio antes de querer viver para alguém. Que ele estava se escondendo atrás de seus objetivos profissionais para disfarçar uma frustração pessoal. O peito vazio era o dele, não o dela. Ela, sim, estava em paz.
Daí a vida dele recomeça, vem outra mulher de bonsai na mão, ele se encanta e se empolga, volta o vazio do peito, recomeça a grosseria, lá vai outra mulher bacana embora. Fica a sensação de que nenhuma é boa o suficiente, mas não é isso. É a fantasia de querer a mulher perfeita para si e, na hora em que ela aparece, não saber o que fazer com ela.
É melhor ter cuidado com o que se pede.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Lloré pensando en tí
Puedo escribir una o docientas palabras, ninguna hablará el dolor de no oir tu voz, puesto que lloré pensando en tí.
Puedo recostar mi cabeza en las almohadas, yacer inerte en mi cama o en el suelo, nada de eso dirá como lloré pensando en tí.
Puedo caminar todas las calles y correr el país, pero ningun gesto te hará ver que lloré pensando en tí.
Puedo estar muda, el silencio hablará.
Puedo estar en una muchedumbre, la soledad es mi compañía.
Para que sepas que nel silencio calido de la noche lloré pensando en tí.
Puedo recostar mi cabeza en las almohadas, yacer inerte en mi cama o en el suelo, nada de eso dirá como lloré pensando en tí.
Puedo caminar todas las calles y correr el país, pero ningun gesto te hará ver que lloré pensando en tí.
Puedo estar muda, el silencio hablará.
Puedo estar en una muchedumbre, la soledad es mi compañía.
Para que sepas que nel silencio calido de la noche lloré pensando en tí.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Que banda é essa?
Dona Regina estava na cozinha, enquanto seu filho ensaiava com a banda, na varanda da casa. Num intervalo, o garoto saiu do ensaio e foi até a cozinha fazer um convite para a mãe:
- Mãe, vamos ao show domingo?
- Mas eu nem sei o que o Mingo toca!
- Mãe, vamos ao show domingo?
- Mas eu nem sei o que o Mingo toca!
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Cãoplicado...
Dona Regina descansava na rede, e o cachorro dormia embaixo desta. Muito ao longe, ouvia-se o grito de um vendedor de picolés.
Quando o vendedor aproximou-se da casa de Dona Regina, gritou mais uma vez, e o cachorro latiu, fazendo com que a senhora desse um pulo, tamanho foi o susto. Ela imediatamente deu-lhe um tapa na orelha, e perguntou:
- Não gosta de picolé, não, seu mané?
Quando o vendedor aproximou-se da casa de Dona Regina, gritou mais uma vez, e o cachorro latiu, fazendo com que a senhora desse um pulo, tamanho foi o susto. Ela imediatamente deu-lhe um tapa na orelha, e perguntou:
- Não gosta de picolé, não, seu mané?
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Contratempos alimentares
- Tem um nervo aqui.
- Onde?
- Aqui na carne, ó.
- Isso não é nervo, é veia.
- Dá no mesmo. Veia me dá nervo.
- Onde?
- Aqui na carne, ó.
- Isso não é nervo, é veia.
- Dá no mesmo. Veia me dá nervo.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Balões
Ligou para ele e perguntou onde estava. Em casa! Um domingão daquele, um sol de rachar mamona, e ele em casa!
- Ah, venha para cá! Estou no parque! Vai começar o show daquela banda que você adora.
- Então me espere. Estarei aí em quinze minutos.
E ele foi mesmo. Quando chegou, deu-lhe um abraço apertado, pois sabia que ela estava precisando muito de carinho naquele momento tão complicado. Convidou-a para sentar-se, e assistiram ao show e cantaram todas as músicas juntos. Comeram batatas fritas, ela tomou suco de açaí e ele coca-cola. Riram, contaram piadas, fizeram comentários sobre várias coisas e planejaram textos, caminhos e roteiros literários: eram escritores e do cotidiano se aproveitavam para destilar suas palavras mais insanas. E as mais engraçadas também.
Enquanto a música tocava, havia um vendedor de balões por perto, que estava faturando com a quantidade de crianças desatentas presentes: a todo instante uma deixava um balão escapar de suas mãozinhas, indo parar na cobertura do espaço onde a banda tocava. E os dois achando um barato a maneira que um mocinho tinha de recuperá-los: colou em um balão um pedaço de fita-banana, amarrou a ele um barbante imenso e suspendia-o até alcançar o balão-alvo. Mais uma coisa que merecia ser escrita e descrita!
A conversa se desenrolou por horas a fio. Ele a consolou do jeito mais legal que podia: fê-la rir muito, muito, e nem tocou no assunto que a fazia sofrer. Ela, muito agradecida, correspondia às piadas com outras, porque ele também sofria, e igualmente precisava rir. Amigos que eram, comunicaram-se com os olhos. Para desabafar, não eram necessárias as palavras literais. Para consolar, também não. E assim foram beliscando as batatinhas e cantando.
Ao fim do show, levantaram-se. Deram-se um abraço e saíram andando com as mãos um no ombro do outro. Encontraram um canteiro próximo, de onde podiam observar o movimento do parque. Resolveram só ouvir o movimento, olhando para o céu. Deitados na grama, continuaram a rir, observando os balões que se perdiam no céu muito azul daquela quente tarde de domingo.
- Ah, venha para cá! Estou no parque! Vai começar o show daquela banda que você adora.
- Então me espere. Estarei aí em quinze minutos.
E ele foi mesmo. Quando chegou, deu-lhe um abraço apertado, pois sabia que ela estava precisando muito de carinho naquele momento tão complicado. Convidou-a para sentar-se, e assistiram ao show e cantaram todas as músicas juntos. Comeram batatas fritas, ela tomou suco de açaí e ele coca-cola. Riram, contaram piadas, fizeram comentários sobre várias coisas e planejaram textos, caminhos e roteiros literários: eram escritores e do cotidiano se aproveitavam para destilar suas palavras mais insanas. E as mais engraçadas também.
Enquanto a música tocava, havia um vendedor de balões por perto, que estava faturando com a quantidade de crianças desatentas presentes: a todo instante uma deixava um balão escapar de suas mãozinhas, indo parar na cobertura do espaço onde a banda tocava. E os dois achando um barato a maneira que um mocinho tinha de recuperá-los: colou em um balão um pedaço de fita-banana, amarrou a ele um barbante imenso e suspendia-o até alcançar o balão-alvo. Mais uma coisa que merecia ser escrita e descrita!
A conversa se desenrolou por horas a fio. Ele a consolou do jeito mais legal que podia: fê-la rir muito, muito, e nem tocou no assunto que a fazia sofrer. Ela, muito agradecida, correspondia às piadas com outras, porque ele também sofria, e igualmente precisava rir. Amigos que eram, comunicaram-se com os olhos. Para desabafar, não eram necessárias as palavras literais. Para consolar, também não. E assim foram beliscando as batatinhas e cantando.
Ao fim do show, levantaram-se. Deram-se um abraço e saíram andando com as mãos um no ombro do outro. Encontraram um canteiro próximo, de onde podiam observar o movimento do parque. Resolveram só ouvir o movimento, olhando para o céu. Deitados na grama, continuaram a rir, observando os balões que se perdiam no céu muito azul daquela quente tarde de domingo.
domingo, 2 de maio de 2010
Menina ao espelho
Um acidente deformara-lhe o corpo
E perdera de todo a vaidade
Todo rímel era um estorvo
Toda beleza infelicidade
Seis anos, o fulgor já morto
Apelou para a loquacidade
Escondeu-se num sorriso morno
Que lhe ofusca hoje a saudade
Daquilo que não viveu, só molecagem
Brincadeiras de menino com um sentido
Agora com trinta eis a maquiagem
A menina ao espelho não deixa mais caído
O pincel do delineador, agora há coragem
Para pintar seu rosto já não mais dolorido
E perdera de todo a vaidade
Todo rímel era um estorvo
Toda beleza infelicidade
Seis anos, o fulgor já morto
Apelou para a loquacidade
Escondeu-se num sorriso morno
Que lhe ofusca hoje a saudade
Daquilo que não viveu, só molecagem
Brincadeiras de menino com um sentido
Agora com trinta eis a maquiagem
A menina ao espelho não deixa mais caído
O pincel do delineador, agora há coragem
Para pintar seu rosto já não mais dolorido
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