Ligou para ele e perguntou onde estava. Em casa! Um domingão daquele, um sol de rachar mamona, e ele em casa!
- Ah, venha para cá! Estou no parque! Vai começar o show daquela banda que você adora.
- Então me espere. Estarei aí em quinze minutos.
E ele foi mesmo. Quando chegou, deu-lhe um abraço apertado, pois sabia que ela estava precisando muito de carinho naquele momento tão complicado. Convidou-a para sentar-se, e assistiram ao show e cantaram todas as músicas juntos. Comeram batatas fritas, ela tomou suco de açaí e ele coca-cola. Riram, contaram piadas, fizeram comentários sobre várias coisas e planejaram textos, caminhos e roteiros literários: eram escritores e do cotidiano se aproveitavam para destilar suas palavras mais insanas. E as mais engraçadas também.
Enquanto a música tocava, havia um vendedor de balões por perto, que estava faturando com a quantidade de crianças desatentas presentes: a todo instante uma deixava um balão escapar de suas mãozinhas, indo parar na cobertura do espaço onde a banda tocava. E os dois achando um barato a maneira que um mocinho tinha de recuperá-los: colou em um balão um pedaço de fita-banana, amarrou a ele um barbante imenso e suspendia-o até alcançar o balão-alvo. Mais uma coisa que merecia ser escrita e descrita!
A conversa se desenrolou por horas a fio. Ele a consolou do jeito mais legal que podia: fê-la rir muito, muito, e nem tocou no assunto que a fazia sofrer. Ela, muito agradecida, correspondia às piadas com outras, porque ele também sofria, e igualmente precisava rir. Amigos que eram, comunicaram-se com os olhos. Para desabafar, não eram necessárias as palavras literais. Para consolar, também não. E assim foram beliscando as batatinhas e cantando.
Ao fim do show, levantaram-se. Deram-se um abraço e saíram andando com as mãos um no ombro do outro. Encontraram um canteiro próximo, de onde podiam observar o movimento do parque. Resolveram só ouvir o movimento, olhando para o céu. Deitados na grama, continuaram a rir, observando os balões que se perdiam no céu muito azul daquela quente tarde de domingo.
Belíssima narrativa... Você deveria escrever crônicas ;-)
ResponderExcluirBeijos!
Balõõõões
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