Passam carregando folhas secas, restos de pipas, papéis, lixo.
Passam impulsionando os teco-tecos na clássica aprendizagem de pilotagem do sábado pela manhã.
Passam levando o lençol branco coarando ao sol, tão vivo no céu de brigadeiro de agora, repleto de parapentes provindos da serra.
Passam levando o ladrar dos cães, o chorar dos filhotes recém-desmamados.
Passam levando risadas de criança, corridas de pais atrás das crianças, impulsos nos balanços do parque.
Passam levando palavras, conversas fiadas, a música do violino de Florentino Ariza aos ouvidos adolescentes de Fermina Daza.
Os ventos de agosto passam levando abraços e bolinhos de chuva de avó.
Passam levando beijos, saudade, abraços de filho, de pai, de mãe, de marido, de esposa.
Passam levando a falta de umidade do ar, a secura do tempo, a maldade do relógio.
Passam levando a lágrima, a dor, a covardia, a impureza, a ira.
E quem diz que no cerrado não neva é porque não conhece o branco das ceibas a cobrir os caminhos do recomeço e da serenidade da primavera de setembro.