Uma alameda me inspira, tive tempo para um passeio por entre árvores e a gostosa luz do sol.
Passei na ilharga de um grande obstáculo, superando-o a uma considerável velocidade, e assim segui em frente.
Vi uma maçã a amadurecer, primeiro verde, depois amarela e por fim vermelha. Tive tempo para apreciá-la e saboreá-la.
Vi depois uma nuvem lilás se aproximar e me envolver, e num átimo levar-me ao céu. Despi-me de toda insensatez e despedi-me de todo amor desta terra.
Tive tempo para ver no espelho o halo branco da nuvem lilás, a rapidez com que me envolveu e me impeliu, muitos e muitos metros à frente do lugar que acreditava ser meu.
Tive tempo para sentir o choque, a dor, o ódio. Tive tempo para vir em casa e despedir-me dos meus pais. Tive tempo para ver o rosto da nuvem. Tive tempo para voar pela janela e dizer tudo o que me vinha à mente, tantas palavras atropeladas, tanto desespero por causa do desconhecido.
Eu só não tive tempo de engatar a primeira.