quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Sete faces de uma pandemia

Quando nasci, um anjo, desses que ficam pintando luz e sombra com lápis 6B, disse: vai, Glaucia, ser guache na vida. Aí eu inventei de desenhar. E outros hobbies foram aparecendo. E também desaparecendo.

Desenhar, pintar, beber, fumar, tocar um instrumento, cantar... Qual prazer cotidiano você deixou de se permitir? 

A mãe, em meio a uma pandemia, fica louca com a correria do dia a dia, é um tal de paracasaecriançaehomeofficeecachorroegatoemaridoesograemãe que no final do dia a gente nem respira  - e nem tem tempo para sonhar, como eu disse outro dia. A tarde talvez fosse azul se a gente pudesse sentar e cuidar um pouco daqueles pequenos prazeres do dia a dia, aquelas coisinhas que você faz só pela satisfação que te trazem, para manter sua sanidade mental e seu equilíbrio. Que tal escrever hoje? Ler um texto que não é da sua área de atuação, só pelo prazer do conhecimento? E poesia, já tomou sua dose hoje?

Cuide de você. Está permitido meditar por cinco minutos que seja olhando para o monte de pernas dentro do bonde, está permitido ficar quieta e quase não conversar atrás dos seus óculos.

Pode ter certeza de que Deus não nos abandonou, pois não temos que ser Ele pra dar conta de tudo, temos é que entender que somos fracas, mas apenas em limitação física. Vá descansar, amoreco. Você já sabe que é forte e invencível. E é assim mesmo, vencendo um dia de cada vez. Amanhã tem mais.

E a gente é ainda é vasta! E se descobre tão vasta que nem o nome da gente faz rima, porque já é a solução e o apoio da casa. Já parou pra pensar o quão vasto é o seu coração?

Então cuide da sua vastidão. Ponha a sua perninha pra cima sim, vá ver vídeo de cachorrinho no YouTube sim, vá tomar um conhaque olhando para a lua no fim do dia sim. Porque você merece aquele pequeno prazer cotidiano. Você merece ficar comovida como o diabo.

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