quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Senoides

A vida seria triste demais se fosse uma função constante. Aquela linha reta chata, horizontal, sempre no mesmo número, sem variações. 

Também seria insuportável se fosse apenas uma função crescente ou decrescente. Você nunca saberia para onde está indo, mas teria certeza do caminho.

Tem hora que ela parece uma parábola. Ela vem lá de cima, te joga num valor mínimo, mas depois te impulsiona. Ou o contrário: ela vem lá de baixo, faz um máximo e você volta para o limbo.

Algumas vezes essa função tem graus distintos, faz um samba aqui outro ali com aquele gráfico, mas no fundo tem o mesmo comportamento das crescentes e decrescentes em linha reta. Você tem certezas demais e não aprende o que deveria.

Já as senoides descrevem as vibrações. O tic-tac do relógio. Os sons. A luz. A palavra. O calor dos abraços, as sensações de impacto, as batidas do coração. Descobri que no fundo a vida é mesmo uma senoide. Uma hora você está lá em baixo, depois você está lá em cima. E lá de cima é uma festa. Porque você sabe que mesmo que ela vá lá para o vale, ela encerra sempre um ciclo. E recomeça. E você vibra. E é por isso que a gente vibra.

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