sábado, 3 de outubro de 2020

É junto dos bão...

Tive uma semana completamente atípica. Quatro provas da Universidade que se acumularam em dois dias, eu virando noite pra dar conta delas.

Quarta-feira estava já com a primeira prova aberta e fui acompanhar um amigo muito querido na endoscopia. Enquanto ele fazia o exame, fui fazendo a prova com uma confiança que há muito eu não tinha. 

No mesmo dia à noite, minha mãe chega em casa e conta que meu pai a agrediu. Porém ele se esqueceu de que tá velho e levou pra ideia afora umas paneladas de pressão, bem como duas cadeiradas. Vibrei. Porque aquela legítima defesa da minha mãe lavou a minha alma. Escutei desse homem a vida inteira cada barbaridade, que eu tenho a autoestima e a carreira profissional completamente destruídas, e só agora, aos 40 anos, morando longe dele, é que eu consegui fazer o que sempre quis e principalmente descobri o que é ter paz.

Meu amigo da endoscopia é professor. Eu fico babando em tanto conhecimento. Ouvi-lo me faz bem, me alimenta a alma curiosa, me estimula a seguir em frente. Tenho outro amigo, orientando dele, que me bota pilha o tempo todo sobre pesquisa, sobre música, sobre física, sobre engenharia. Isso fora o meu orientador, que é outro amor de pessoa, meu amigo há 20 anos e que me trata como a uma filha. E estou me sentindo cada vez mais segura academicamente graças a eles, pois se antes eu tinha medo de não conseguir fazer um mestrado, agora eu quero o mundo. 

Por que eu tô contando isso? É tão difícil a gente notar que partilhar um sobrenome não é garantia de confiança! E a gente acaba engolindo um sapaial (inventei essa palavra agora) inteiro, ora porque não temos pra onde correr, ora porque você tem que ficar calada pra não atrapalhar a imagem de família margarina que as pessoas têm de vocês... Mas, uma vez que você entende isso, você segue e não olha pra trás. 

Na natureza, as leis da termodinâmica garantem que que todo processo seja executado com o mínimo de gasto de energia. Por que eu vou gastar energia com aquilo que não me dá retorno? Minha amiga, não gaste sua energia com o que não vale a pena. Cole em gente boa e que te incentiva. Não é ser interesseira, é estar perto de quem acrescenta coisas boas, edificantes e que sejam boas não somente para você, mas para a sociedade como um todo. Chama aquele seu amigo engraçado, aquela sua amiga divertida no chat.  Conversem borrachinhas como crianças, troquem boas dicas, seja você também uma incentivadora, uma impulsionadora de corações.

É JUNTO DOS BÃO QUE A GENTE FICA MIÓ.

(Guimarães Rosa)

Ah, e sobre a minha mãe, ela está bem e já está com advogado constituído. Juntas somos mais fortes. E junto de nós filhos ela tá entendendo que é bem mió do que fizeram ela acreditar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário